Plano Safra 2025/26 decepciona setor e revela retração real no crédito agrícola
Com aumento abaixo da inflação e juros altos, programa trava investimentos e reforça distanciamento entre governo e o campo.

O tão aguardado Plano Safra 2025/26, anunciado pelo governo federal no Palácio do Planalto, confirma o que o campo já temia: o agronegócio continua sendo deixado em segundo plano.
O valor divulgado, de R$ 475,5 bilhões, apresenta crescimento nominal de apenas 1,5%, abaixo da inflação anual de 4%, o que configura perda real de poder de investimento para os produtores.
Para Leandro Weber Viegas, CEO da Sell Agro, o programa é mais uma promessa política do que um instrumento real de desenvolvimento.
“O plano de safra deveria impulsionar o campo. Mas o que vemos é uma política de improviso, com juros altos e pouca execução prática. O agro carrega o Brasil e ainda é tratado com descaso”, critica.
O setor enfrenta ainda juros de 8% a 14% ao ano, inviáveis para boa parte dos produtores, e uma execução frustrante: até maio de 2025, apenas 70% dos recursos do ciclo anterior haviam sido desembolsados, travando aquisições de insumos e atrasando o planejamento das safras.
Mesmo sendo responsável por 24,8% do PIB, 52% das exportações e 20 milhões de empregos diretos e indiretos, o agro segue à margem das prioridades do governo.
Relatórios do BNDES e do Ministério da Agricultura apontam queda de 5% nas contratações de crédito para investimentos agropecuários, o que reforça a sensação de estagnação.
“O governo precisa parar de olhar o agro como solução emergencial. Somos um setor estratégico, que exige planejamento, segurança jurídica e políticas consistentes”, conclui Viegas.
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