A tarifa de 50% sobre produtos brasileiros anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve impactar diretamente o mercado de café, produto no qual o Brasil é líder mundial em produção e exportação.

A medida, prevista para entrar em vigor em 1º de agosto, pode tornar economicamente inviável a comercialização do grão com os norte-americanos, que são os maiores consumidores de café do mundo.

O alerta foi feito pelo diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Marcos Matos, que acompanha de perto os desdobramentos da medida.

“Sabemos que quem será onerado é o consumidor norte-americano. Qualquer impacto no consumo afeta toda a cadeia: o comércio, a indústria e o desenvolvimento dos países”, declarou.

O setor aposta no diálogo diplomático e em uma “agenda positiva” junto aos parceiros dos Estados Unidos, buscando excluir o café da lista de produtos tarifados.

A negociação conta com o apoio da Associação Nacional do Café (NCA) norte-americana. Até agora, a entidade não se manifestou oficialmente.

Matos lembrou que, com a tarifa anterior de 10%, o Brasil ainda mantinha uma vantagem competitiva frente a concorrentes como Vietnã e Indonésia, também tarifados.

Agora, com os 50%, o cenário se torna “complicadíssimo”, segundo um diretor de uma grande exportadora brasileira, que preferiu não se identificar.

Em 2024, o Brasil bateu recorde de exportação com mais de 50 milhões de sacas de 60 kg, sendo que 8,13 milhões foram enviadas aos EUA, um aumento de 34% em relação ao ano anterior.

Aproximadamente um terço do café consumido pelos americanos é de origem brasileira.

O setor teme que a medida impulsione aumento de preços ao consumidor, retração nas vendas e perda de participação de mercado duramente conquistada ao longo dos anos.