Operação Reversus desmantela quadrilha interestadual de estelionato digital em MT
Golpistas movimentaram mais de R$ 2,7 milhões com falsas vendas pela internet; líder comandava esquema de dentro da PCE

A Polícia Civil de Mato Grosso deflagrou, na manhã desta terça-feira (15), a Operação Reversus, voltada ao desmonte de uma organização criminosa especializada em fraudes eletrônicas sofisticadas, com ramificações em quatro estados brasileiros.
A quadrilha atuava principalmente por meio do golpe do “falso intermediário”, enganando vítimas interessadas em comprar veículos ou gado anunciados em redes sociais.
A investigação, conduzida pela Delegacia Especializada de Estelionato, resultou no cumprimento de 27 mandados de prisão preventiva e 24 de busca e apreensão, além do bloqueio de contas bancárias e sequestro de bens equivalentes a até R$ 100 mil por investigado.
A soma das transações suspeitas ultrapassa R$ 2,7 milhões.
Parte das ordens judiciais foi executada na Penitenciária Central do Estado (PCE), em Cuiabá, onde está preso o suposto líder da organização, um criminoso com extensa ficha por homicídio, tráfico e roubo, condenado a mais de 40 anos de prisão.
Golpe do falso advogado
A operação teve origem após um caso registrado em janeiro deste ano, quando uma vítima em Cuiabá perdeu R$ 45 mil ao tentar comprar um veículo anunciado falsamente no Facebook.
A negociação foi intermediada por um suposto advogado, que convenceu a vítima a transferir os valores via Pix.
As investigações revelaram uma rede complexa de movimentação de dinheiro, o valor passou por 13 contas bancárias no Rio de Janeiro,
retornando posteriormente a Mato Grosso e sendo redistribuído entre 11 outras contas, antes de ser consolidado em uma conta de uma mulher residente em condomínio de luxo, com histórico de condenações por estelionato em Minas Gerais.
Ela é também viúva de um homem executado por facções criminosas na fronteira com a Bolívia, em um crime com sinais de queima de corpo e veículo.
Esquema articulado e hierarquizado
Segundo o delegado Bruno Mendo Palmiro, responsável pela operação, a quadrilha operava com divisão clara de tarefas: captação de vítimas, engenharia social, movimentação financeira e lavagem de dinheiro.
O líder, mesmo preso, comandava tudo de dentro da cela, coordenando a atuação de comparsas em outros estados como Rio de Janeiro, Minas Gerais e Piauí este último onde foi localizado e preso o autor do anúncio fraudulento.
Além dos mandados, foi determinado o bloqueio judicial de contas bancárias e o sequestro de bens móveis e imóveis para garantir a reparação de danos às vítimas.
Punições severas
Os envolvidos responderão pelos crimes de organização criminosa, estelionato qualificado e lavagem de dinheiro, cujas penas combinadas podem ultrapassar 30 anos de reclusão. A depender do histórico criminal de cada investigado, a condenação pode ser ainda maior.
O nome “Reversus” faz alusão à complexa movimentação dos valores, que saíam de Mato Grosso, percorriam diversos estados e retornavam, de forma fragmentada, às contas controladas pelos criminosos. O padrão sofisticado da fraude chamou a atenção dos investigadores pelo grau de organização e articulação interestadual.
A operação contou com o apoio das Polícias Civis do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Piauí, além de suporte do Ministério Público Estadual e autorização judicial do Núcleo de Inquéritos Policiais do TJMT.
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